Você já ouviu falar da Cocoruta e do Sebito?

O Laboratório de Ornitologia/ UFPR em parceria com o Laboratório de Ecologia da Universidade Federal do Ceará iniciaram o projeto “Aves de Fernando de Noronha”. O coordenador do Lab, professor Luiz Mestre, esta orientando a aluna Cecília Licarião, da UFC, que irá desenvolver seu mestrado em Fernando de Noronha!

O arquipélago de Fernando de Noronha é mundialmente conhecido por sua beleza cênica, pela presença de lindas praias e pores-do-sol inesquecíveis. Muitos dos visitantes chegam na ilha sabendo um pouco de sua fauna, a maioria já ouviu falar dos golfinhos e tartarugas marinhas. Porém poucos sabem as aves que ocorrem no arquipélago. Aves marinhas como o atobá, a viuvinha e a noivinha recebem menos atenção, mas como são abundantes na ilha não passam desapercebidas. Outras aves, no entanto, são pouco notadas pois são pequenas e sem coloração forte. Esses pequenos passeriformes, a cocoruta e o sebito (de nome científico Elaenia ridleyana e Vireo gracilirostris , respectivamente) são espécies endêmicas de Fernando de Noronha, ou seja, só existem lá e em nenhum outro lugar do mundo. A cocoruta é marrom acinzentada com barras brancas nas asas e o sebito é mais esverdeado e de menor tamanho.

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As maiores ameaças para as duas espécies são, principalmente, a expansão das áreas antropizadas na ilha, o desmatamento e a introdução de animais exóticos como gatos e ratos que podem capturar e matar as essas aves e seus ninhos, comendo ovos e filhotes. Apesar de serem únicas no mundo, a cocoruta e o sebito recebem pouca atenção, há relativamente poucos estudos focando aspectos gerais de sua biologia.

O processo de colonização na ilha principal de Fernando de Noronha vem se instensificando desde 1980. Em um estudo recente, Mestre et al. (2015) verificaram que há uma relação negativa entre áreas antropizadas e densidade das aves endêmicas (cocoruta e sebito). Sendo assim, o projeto da Cecília pretende entender melhor a influência de áreas antropizadas e conservadas nas populações de cocoruta e sebito e ver como as espécies estão se adaptando as diferentes condições em Fernando de Noronha. Esse estudo conta com a participação de prof. Luiz Mestre e da colaboradora do Lab de Ornito, Juliana Rechetelo.

Nesse projeto será avaliado a saúde das aves nos diferentes ambientes da ilha por meio da checagem do peso, taxa de gordura e presença de ectoparasitas nas aves. Além disso, as aves (cocoruta e sebito) serão marcadas com anilhas (um pequeno anel na perna) para individualizar cada ave e determinar sua área de vida e possível competição entre indivíduos da mesma espécie. Amostragem da vegetação e de insetos também serão feitas a fim de verificar a disponibilidade de alimento para a cocoruta e o sebito nos diferentes ambientes da ilha (conservado vs antropizado).

Aves em ilhas são mais propensas a extinções do que as aves que vivem no continente, pois, uma vez que os recursos que elas precisam para sobreviver acabam naquela área não existe a possibilidade de migração para uma outra área. Dessa forma, a melhor maneira de preservar espécies como a cocoruta e o sebito é entendendo melhor os aspectos da sua biologia e ecologia a fim de fornecer informações relevantes para futuros projetos de manejo e conservação.

Fique atento! Se você está andando pelas trilhas de Noronha e se deparar no meio da caminhada com uma espécie pequenina, marronzinha ou esverdeada, pare um pouco, fotografe, preste um pouco mais atenção, pode ser que você esteja em frente a uma espécie endêmica de Fernando de Noronha!

 

Boa sorte Cecília!

 

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